Olá Gestores,
Sendo bem objetivo, a
economia global, estimada em US$ 87 trilhões no ano passado, é um gigante que
está sendo derrubada por seres microscópicos, o coronavírus, lembra bastante um
filme “Guerra dos mundos”, esse é um desastre muito pior e mais doloroso que a
crise financeira de 2008-2009. A extensão dos danos começa a aparecer nos
maiores mercados, o americano, o chinês e o europeu, com os primeiros dados
trimestrais de consumo, produção, investimento e emprego. O drama dessas
potências afeta o nosso país pela redução do comércio internacional, já enfraquecido
em 2019. Na melhor hipótese, as vendas de alimentos, componente mais importante
das exportações brasileiras, serão menos prejudicadas que as de outros
produtos.
Nos Estados Unidos, maior
potência econômica, o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu à taxa anual de 4,8%
no primeiro trimestre, segundo a primeira estimativa. Fechadas em casa,
famílias cortaram os gastos de consumo, empresas diminuíram investimentos e as
exportações caíram. Diante da emergência, governo central e governos locais
aumentaram suas despesas, mas em proporção insuficiente para equilibrar o
conjunto, como no Brasil.
Em seis semanas 30,3 milhões de
pessoas pediram auxílio-desemprego nos Estados Unidos. Antes da nova crise, a
desocupação abrangia cerca de 3,4% da força de trabalho, como efeito de 113
meses consecutivos de criação de empregos. Ainda é difícil determinar a nova
taxa de desemprego, porque pessoas desocupadas apenas temporariamente foram
autorizadas a buscar o auxílio, mas a piora do quadro é inegável. No quarto
trimestre do ano passado o PIB americano cresceu ao ritmo anual de 3,5%, na
última etapa de um longo período de prosperidade, iniciado no primeiro mandato
do presidente Barack Obama.
A segunda maior economia, a
chinesa, sofreu no primeiro trimestre de 2020 a primeira contração em quase 30
anos, desde o início da publicação dos dados trimestrais do PIB, em 1992. Mesmo
abalada, a economia da China ainda pode ter um desempenho invejável depois do
impacto da covid-19.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta para a China
1,2% de expansão econômica neste ano, enquanto estima contração de 3% para o
produto global e de 6,1% para as economias avançadas.
Mas, por enquanto, o
balanço inicial da crise mostra grandes estragos.
No primeiro trimestre o PIB
chinês foi 6,8% menor que o do período janeiro-março de 2019, segundo a Agência
Nacional de Estatísticas. Em relação aos três meses finais do ano passado a
queda foi de 9,8%. De acordo com o governo, o desempenho deve ser muito melhor
a partir do segundo trimestre, mas economistas apontam muita insegurança quanto
à reação do consumo familiar.
Com a reorganização estratégica
iniciada há alguns anos, o consumo ganhou importância relativa no papel de motor
da economia, tomando parte do espaço tradicionalmente ocupado pelo investimento
em capacidade produtiva.
Maior parceira comercial do
Brasil, a China é o destino principal das exportações do agronegócio
brasileiro. A demanda chinesa tem grande importância para o superávit comercial
e para a segurança das contas externas do Brasil. Os Estados Unidos, segundo
maior importador de mercadorias brasileiras, têm relevância especial para as
vendas de manufaturados. O terceiro maior parceiro individual, a Argentina, já
estava em crise em 2019 e assim deve continuar neste ano.
Na zona do euro, também muito
relevante para o comércio brasileiro, o PIB do primeiro trimestre foi 3,3%
menor que o de um ano antes. Em relação aos três meses finais de 2019 a queda
foi de 3,8%, a maior, nesse tipo de comparação, na série iniciada em 1995.
Segundo o FMI, o produto da zona
do euro deve diminuir 7,5% neste ano. Para os Estados Unidos está projetada
retração de 5,9%. Para o Brasil os cálculos indicam um PIB 5,3% menor que o de
2019. Mas o repique esperado para a economia brasileira, de 2,9% em 2021, é bem
menor que o previsto para os países avançados (4,5%) e emergentes (6,6%). Falta
resolver, no Brasil, um problema bem anterior à covid-19, o baixo potencial de
crescimento, e com a crise política e institucional que se instalou no governo,
teremos uma tempestade pela frente.
Sucesso a todos,
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