Gás de Xisto.

Bom dia gestores,

A ANP (Agência Nacional de Petróleo) anunciou que irá abrir em novembro o leilão de áreas para exploração de gás de xisto em todas as regiões do Brasil. Uma das áreas localiza-se na camada que fica abaixo do Aquífero Guarani, que é uma das maiores reservas de água doce da América Latina, e existe uma outra na Bacia do São Francisco.

O gás de xisto também conhecido como gás não convencional, se localiza entre as camadas de
rocha sedimentar, armazenando-se nos espaços vazios entre as lâminas de argila que a compõem.


A rocha que contém o gás de xisto se distribui por todo o planeta e nos últimos anos um dos maiores exploradores tem sido os Estados Unidos. Na América do Sul as principais reservas estão na Argentina. Um estudo publicado pela agência norte-americana U.S. Energy Information Administration (EIA) aponta que o gás do xisto representa 10% das reservas mundiais de petróleo e 32% das de gás natural.

Para a obtenção do gás de xisto, empresas utilizam uma técnica chamada, fraturamento da rocha (shale gas fracking), no qual as diversas camadas rochosas são perfuradas verticalmente até atingir a rocha que contém o xisto, neste ponto é feita uma perfuração horizontal, para cobrir uma área ampla da rocha. Depois é feita injeção de água aditivada, sob grande pressão, o que provoca o fraturamento e a liberação do gás do xisto, que percorre o duto até a superfície, juntamente com a água aditivada.


Este método de extração tem sido questionado pelos riscos e danos ambientais.

O processo de extração exige um volume muito elevado de água, que recebe aditivos para dar aspecto fluidificante e espessante, segundo informações a perfuração de cada poço exige de 10 a 20 milhões de litros de água, e metade desse volume volta poluído à superfície.


Já foram identificados mais de 600 produtos que são adicionados à água para melhorar a fluidez do gás no processo de extração, como o álcool etílico, goma arábica, e outros, um dos resultados do processo é o grande volume de água contaminada com enxofre, ferro, manganês e crômio, imaginem o processo de tratamento dessa água.

Dentro da visão de leigo no assunto, fico surpreso com atitudes como essa da ANP, e do governo em questão, o marco regulatório da mineração nem foi votado, portanto as empresas interessadas na exploração de xisto podem ter dificuldades também para obedecer a diferentes marcos regulatórios, dos setores de petróleo, de mineração e das águas, e responder à diversas agências, ANP, ANM e também a ANA, uma vez que a perfuração de um poço consome entre 10 e 15 milhões de litros de água, o suficiente para encher entre 300 e 500 caminhões-pipa de grande porte, e pode poluir o lençol freático.

A estrutura legal regionalizada dos EUA (cada Estado discute suas leis), facilita a estratégia de exploração, além disso, os EUA possuem extensa malha de gasodutos e a carga tributária que contribui para que o gás chegue mais barato ao consumidor. O território americano é cortado por 500 mil quilômetros de gasodutos, rede 50 vezes mais extensa do que a brasileira.

A malha brasileira é dominada pela Petrobras, que dificulta a entrada de novos concorrentes e a falta de infraestrutura de transporte de gás, faz muitas vezes o governo produzir energia com as reservas de gás, ao invés de vender à indústria, aproveitando-se da rede de transmissão de eletricidade.

Mais gasto de tempo e dinheiro do contribuinte para nada, assim como os parques eólicos que já estão em condições de pleno funcionamento, podem gerar energia e não funcionam por falta de linhas de transmissão, mais uma mostra da ingerência total do governo..

Sucesso a todos,

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