Boa noite, gestores!
Em um artigo anterior, havia feito alguns comentários sobre os desafios do setor de
computação em nuvem que, embora seja uma tecnologia nova e atraente, ainda é
vista como um modismo charmoso e elegante, mas que acarreta receio quando se
pensa em investir pesado em todas as suas possibilidades. Os desafios para
superar esse quadro geral se focam em três pontos: a insegurança quanto à
privacidade e proteção dos dados em nuvem, o cenário precário da conectividade
brasileira, que pode deixar uma empresa sem acesso a seus próprios dados; e a
falta de informação do conceito em si, que, agregado às disparidades regionais
do Brasil, criam um entrave cultural que bloqueia mesmo a procura por um uso
mais efetivo da cloud computing.
Porém, se
existem esses problemas para o desenvolvimento tecnológico de plataformas de
armazenamento no Brasil, há também três pontos muito importantes a serem
levados em conta por todos os gestores e investidores na hora de decidir até
que ponto a nuvem deve ganhar solidez em nossos investimentos.
O primeiro
ponto trata-se do fato que a nuvem não é um modismo ou uma experimentação, mas
uma realidade. Que essa realidade não seja 100% nossa não significa que não
seja relevante, pois um estudo feito pela Frost & Sullivan demonstra que
45% das empresas hoje utiliza a cloud
computing em algum nível de resolução de problemas. Acreditamos que esse
número deve crescer, não apenas pela credibilidade da tecnologia em si, mas por
força da própria mudança de softwares e hardwares que assimilaram a computação
em nuvem como uma realidade. A exemplo disso, a Microsoft lançou a última
versão de seu Microsoft Office não com um suporte para o armazenamento em
nuvem, mas 100% integrada ao conceito. Com o tempo, investimentos em hardware
de armazenamento serão reduzidos nos computadores pessoais e de escritório,
dando ênfase a HDs com menor espaço, para conter em si apenas os softwares de
acesso à rede, enquanto os softwares de produtividade não estariam no armazenamento
físico dos HDs (Hard Disk), mas hospedados diretamente em nuvem. O resultado
disso serão aparelhos mais leves, tecnicamente mais baratos, e com pacotes de
serviços contratados conforme a demanda. Independente disso, a expansão do
conceito de nuvem torna-se cada vez mais efetiva em setores como o de games
que, em breve, dispensará a mídia física de jogos para a locação ou assinatura
de jogos permanentemente. Aplicativos de uso familiares como o citado Office em
breve tornarão o conceito de nuvem algo habitual na maioria dos contextos
regionais brasileiros.
Servidores de Cloud Computing |
Além do mais,
empresas gigantes como o Google vêm fazendo investimentos exorbitantes para
tornar a nuvem onipresente. Apenas para contextualizar o leitor, o documentário
O Jeito que o Google Trabalha, nos mostra que a empresa teria investido em uma
cidade inteira para construir seus servidores, além da proposta da construção
de silos em alto mar, que transforma as ondas em energia contínua que alimenta
os servidores de armazenamentos de dados em nuvem. Percebe-se que a realidade
da nuvem não encontra-se limitada ao que nós acreditamos que podemos fazer com
ela, mas sim ao que os idealizadores da tecnologia concebem que ela possa fazer
conosco.
O segundo
ponto diz respeito à desmitificação da ideia de insegurança que a cloud computing oferece em relação à
proteção de dados. A grande maioria das pessoas faz uso online dos bancos e
movimentam suas contas pela internet. Acreditar que os bancos, por sua
tradição, oferecem mais segurança do que os novos provedores de armazenamento é
uma falácia. Isso porque a internet, por mais que se procure segurança, sempre
possui a possibilidade de invasões, a exemplo do que o grupo Anonymous mostrou, tempos atrás. Os
sistemas de criptografia, embora complexos, possuem limitações acerca do
próprio processamento das máquinas. Para uma startup que inicia seus negócios
em cloud computing é fundamental
reforçar o aspecto de segurança de dados em suas campanhas de marketing,
abordando, de forma simples, mas crível, seu diferencial em segurança, um
sistema de criptografia diferente, mas funcional, sistemas de backups inteligentes e conferir uma
atenção especial ao apresentar esse aspecto aos clientes em seus encontros
iniciais, provando que a nuvem pode ser tão sólida quanto a internet nos
permite.
O terceiro
ponto, relativo à conectividade, é um ponto de crítica forte e que transcende,
em certo aspecto, aquilo que as empresas de tecnologia em nuvem podem fazer.
Esse é um problema do Brasil, devido às más implementações de redes 3G e ao
atraso consequencial de uma implantação sólida da rede 4G, como abordamos no
artigo anterior. Existem, no entanto, soluções que já estão sendo utilizadas
por empresas de cloud computing,
sendo uma delas a implantação de fibra ótica exclusiva para garantir o acesso
24 horas à rede. Esse recurso, embora não seja 100% funcional, torna a nuvem
onipresente, pelo menos no interior da empresa. Em relação aos dispositivos
móveis, porém, o problema persiste e depende de um bom desempenho das empresas
de telefonia, ainda responsáveis por nosso acesso à tecnologia da rede. Não me
parece, entretanto, que somente empresas de telefonia devam ser provedoras de
internet, pois algumas redes de TV a cabo oferecem serviço de acesso à internet
e contratam empresas de telefonia por fora para montar pacotes também com rede
telefônica. É possível que empresas startups voltadas exclusivamente para a
oferta de acessibilidade à nuvem consigam um desempenho melhor, por serem
especializadas nesse segmento, e certamente, com a expansão da tecnologia em
nuvem, haveria demanda para empresas com esse propósito.
Além disso, o
fato da cloud computing ser uma
realidade que cada vez mais mudará o conceito que temos de solidez de
armazenamento, a própria força da demanda pressionará as empresas e o governo a
trabalharem juntas no sentido de melhorar nossa acessibilidade. Isso, ao menos,
é uma esperança à longo prazo. Portanto, uma empresa que tanto reforça a
realidade da cloud computing como
solução de problemas empresariais complexos, que evidencia um amplo processo de
segurança de dados e que demonstra investir em soluções alternativas de
acessibilidade consegue combater as principais fontes de insegurança no
investimento da tecnologia em nuvem.
Acreditamos
que não se trata de questionar se devemos ou não investir na computação em
nuvem, mas sim quais os setores que mais devem receber investimentos para que a
nuvem ganhe mais solidez e credibilidade e, dessa forma, cumpra o propósito a
que realmente se presta.
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