Boa noite gestores,
A importancia da empresa - NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC, Folha de São Paulo 02 de abril de 2013, caderno Mercado.
Sucesso a todos,
Reproduzo aqui, na integra, mais um sensacional artigo de uma pessoa
que admiro muito, por suas considerações e ideais.
A importancia da empresa - NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC, Folha de São Paulo 02 de abril de 2013, caderno Mercado.
No fim do ano passado, fui ao Japão ver o Corinthians
ganhar o título mundial e depois tive um tempinho para viajar pelo país. O
tempo foi curtíssimo, mas suficiente para perceber o orgulho que o Japão tem
por suas empresas.
Minha guia dizia com indisfarçável satisfação que a
cidade tal era sede da Honda, a cidade tal era sede da Toyota. Ela tinha,
especificamente, uma admiração extraordinária pela Honda, como se fosse um laço
familiar.
Lamentavelmente, não vejo isso ser construído no Brasil,
esse país capitalista que não sai do armário e onde a palavra lucro ainda é
palavrão.
Tudo em nossa língua traz tom pejorativo à nossa relação
com o dinheiro. Aqui se ganha dinheiro, nos Estados Unidos, faz-se dinheiro
("you make money"). As pessoas que querem me ofender dizem que eu só
penso em trabalho.
A empresa no Brasil é submetida a um verdadeiro corredor
polonês de impostos, regulações e leis. Se sobreviver, terá sua margem de lucro
tutelada.
Há ainda em muitos setores restrições atávicas ao
empresariado. Mas não se pode inverter o papel da empresa, esperando que elas e
os empresários exerçam o papel do Estado e da família.
Não é a publicidade de cerveja que deve ensinar que as
pessoas bebam com moderação (embora eu defenda os alertas feitos nas
campanhas), nem é o McDonald's que deve combater a obesidade infantil. A
propaganda tem que fazer o papel da propaganda, e a sociedade civil tem que
fazer o papel da sociedade civil. A propaganda não deve deseducar, claro, mas
educar não é sempre o seu papel principal.
A empresa no Brasil é assim uma sobrevivente diante de
uma quantidade avassaladora de restrições e preconceitos.
E, se o empresário conseguir sobreviver a tudo isso,
ainda deve esconder a todo custo seu progresso para não atrair olho gordo, já
que sucesso no Brasil é quase uma ofensa pessoal.
Mas, sem Olavo Setubal e sem Amador Aguiar, sem Naturas,
Grendenes, Havaianas e Ipirangas, não se faz um país, como o Japão da Toyota,
os Estados Unidos da Apple, a Coreia do Sul da Samsung, a França da Chanel, a Itália
da Fiat.
O sistema bancário brasileiro deve ser fonte de orgulho
do país. Sua solidez na última grande crise financeira global mostrou
competência.
Foram as empresas brasileiras que geraram os milhões de
empregos dos últimos anos e que nos trouxeram a esse patamar inédito de
praticamente pleno emprego.
Essas empresas e o espírito empreendedor de seus líderes
transformaram e transformam a vida da população e mudam a cara do país.
Estou há dez anos construindo meu grupo empresarial.
Tenho hoje um bom patrimônio. Mas praticamente tudo o que eu tenho está dentro
do grupo, investido em seus talentos e projetos. Fazer leva tempo. E o
empresário nunca pensa no curto prazo. Ele tem que pensar longe, crescer com o
Brasil.
Administrar uma empresa, como viver, é errar e consertar
rápido. Melhor é aprender com os erros dos outros. Mas, se errar, erre rápido.
Como disse Juscelino Kubitschek, com erro não há compromisso.
Há compromisso com os talentos, com a meritocracia, com a
comunidade e com o país. Porque não adianta apenas o necessário compromisso com
o lucro líquido.
É preciso que a empresa produza também orgulho líquido. E
criar orgulho é mais difícil do que criar lucro. Esse desafio enorme deve
servir como novo combustível para impulsionar nossas empresas e consolidá-las
como o grande vetor do desenvolvimento.
É na empresa que prosperam a inovação, a produção e o
emprego. Ela é a forma mais eficiente de organizar e desenvolver o nosso
potencial.
Está na hora de disseminar um posicionamento pró-empresas
no Brasil. Elas só podem ser pró-funcionário, pró-pai de família, pró-mãe,
pró-comunidade, pró-cidade, pró-Estado, pró-país. Mais do que do empresário, a
empresa é do Brasil.
Se a figura símbolo do velho Brasil era o especulador, o
símbolo do Brasil novo deve ser o empresário ou a empresária. Aquele brasileiro
que, por meio de sua empresa, ajuda a construir o país.
Sucesso a todos,
Comentários