Bom dia gestores,
O atraso nos embarques de soja, que provoca filas de
caminhões nas rodovias de acesso aos principais portos do país, já afeta as
exportações de um dos principais produtos da pauta brasileira.
Ontem, o grupo Sunrise, maior comercializador chinês de
soja, informou que irá cancelar a compra de cerca de 2 milhões de toneladas da
oleaginosa do Brasil devido a atrasos no recebimento.
O volume é maior do que toda a soja exportada pelo Brasil
em março até a semana passada, foi embarcado 1,8 milhão de toneladas do grão e
equivale a 5% do total que o país deve exportar nesta safra, segundo estimativa
da Conab.
O gerente responsável pela divisão de soja da Sunrise,
Shao Guori, comentou que a empresa planeja cancelar de 10 a 12 navios panamax
que deveriam ter sido enviados entre janeiro e fevereiro, pois apenas dois
chegaram ao país até o momento.
"Nós não receberemos essas cargas. É um default
[descumprimento de contrato] não embarcar no prazo."
A Sunrise, que é responsável por mais de 10% das
importações de soja da China, planeja também cancelar outras 23 cargas com
embarque previsto entre abril e junho.
A Anec (Associação Nacional de Exportadores de Cereais)
não tem notícia de quebra de contratos. "Apenas de postergações",
afirma o presidente Sérgio Mendes.
Apesar de também não ter informações sobre o
cancelamento, Ricardo Tomczyk, vice-presidente da Aprosoja (Associação de
Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), diz que a situação é "muito
preocupante". "Se o cancelamento de fato ocorreu, deve-se a um atraso
muito grande nos embarques", afirma.
No porto de Paranaguá (PR), navios chegam a esperar 60
dias para receber a soja, segundo Liones Severo, consultor e negociador de soja
voltado ao mercado chinês.
Para especialistas, o grupo chinês aproveita os gargalos
logísticos do Brasil para pagar menos pela soja, os preços internacionais estão
em queda por causa do aumento da oferta, com o avanço da colheita da safra
recorde na América do Sul.
Desde a semana passada, as cotações da soja na Bolsa de
Chicago caíram 7%.
"É muito provável que o grupo chinês use o mecanismo
de cancelamento de contrato para ganhar com a diferença nos preços", diz
João Carlos Kopp, da JC.Kopp Consult, especializada em soja.
A estratégia já foi utilizada pelo maior importador de
soja do mundo no passado, inclusive em outros mercados.
"Ao mudar o preço da soja US$ 15 para US$ 14 o
bushel [27,2 quilos], os chineses economizam o equivalente a US$ 2,7 milhões em
um navio com 60 mil toneladas", calcula.
Ontem, o bushel de soja valia US$ 14,07 em Chicago.
Sucesso a todos,
Sucesso a todos,
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