Entre a Prudência e o Medo
Uma das questões mais difíceis
que empreendedores podem encontrar é a distinção, durante certa trajetória de
tomada de decisões, se sua atitude está embasada na prudência ou no medo.
Muitas vezes, assumimos certas posturas defensivas, recuadas, que são
consideradas por muitas pessoas como ato de covardia, ou, pelo menos,
fundamentadas na insegurança que o medo nos lança. E é, de fato, muito difícil
às vezes sabermos quais sentimentos estão influenciando, e de que forma, nossas
atitudes. É aí que entra a distinção entre prudência e medo.
A prudência é uma
virtude, exaltada como característica dos líderes desde os tempos do filósofo
grego Aristóteles. A prudência é um ato da razão, uma atitude racional que
agrega valor ao líder e seus colaboradores. A prudência, conforme nos diz
Aristóteles, está relacionada com a capacidade de previsão. É parte de um
processo no qual olhamos, avaliamos, comparamos com nosso conhecimento prévio,
tiramos conclusões e, a partir desses dados, agimos. Sendo assim, a prudência
nos prepara para agir de uma maneira mais eficiente, visando a obtenção de um
objetivo com menos gasto de energia ou recursos, e evitando ações
desnecessárias ou prejudiciais.
A prudência não é um impeditivo
da ação. Muito ao contrário, ela implica em ação com autodomínio, ação
autocontrolada.
Diferente é o caso em que o medo
domina o empreendedor. O medo, diferente da prudência, é o domínio do
sentimento sobre a razão, nublando os pensamentos e decisões. Nesses casos, a
percepção individual (e muitas vezes errônea) de que sua segurança encontra-se
ameaçada, faz com que o sentimento do medo tome a pessoa de assalto. O primeiro
sinal é a insegurança. Essa insegurança produz a desconfiança, tanto sobre as
escolhas que se apresentam, quanto às pessoas que nos cercam. O resultado? Em primeiro lugar uma grande paralisia da ação, resultado da insegurança, que leva o gestor a desconfiar da veracidade de todas as circunstâncias em que se encontre. Uma
ação pautada na desconfiança acaba sendo delineada pela ausência de
conhecimento de todos os elementos envolvidos, além do ocultamento das etapas
de ação dos demais envolvidos, para que eles não saibam plenamente o que o
líder planeja, com um intuito perigosamente protecionista; um protecionismo
embasado no medo, e não na prudência, acaba produzindo a cegueira e a falta de
transparência em toda a equipe.
Ao tomar suas decisões, verifique
sempre seus sentimentos. O autoconhecimento é fundamental para fazermos as
escolhas certas pelos motivos certos.
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