Boa noite gestores,
Um ano e três meses depois do anúncio oficial do
investimento da Foxconn no Brasil, as negociações entre o governo brasileiro e
a empresa taiwanesa estão num impasse por conta da tecnologia a ser usada na
fábrica de telas de cristal líquido (LCD).
O governo Dilma exige que a empresa use na futura unidade
brasileira sua tecnologia de última geração. A Foxconn, que fabrica os produtos
da Apple, resiste.
Telas de cristal líquido tradicionais são iluminadas por
um conjunto de lâmpadas. Os modelos mais antigos usam as fluorescentes. A
taiwanesa produz telas com a versão mais moderna, iluminada por
"minilâmpadas" LEDs (diodos emissores de luz).
A tecnologia mais avançada, chamada OLED, usa compostos
orgânicos que se autoiluminam, permitindo telas mais finas e até flexíveis.
Sem acordo sobre a tecnologia a ser adotada, e
principalmente sobre sua transferência para empresas do país, o Brasil já disse
ao empresário Terry Gou, dono da Foxconn, que não irá financiar o projeto por
meio do BNDES.
Terry Grou |
O investimento de US$ 12 bilhões da Foxconn no Brasil foi
anunciado oficialmente pela presidente Dilma em abril do ano passado, durante
viagem à China. Parte do montante anunciado seria destinada à instalação de uma
fábrica de telas de LCD.
O ministro Aloizio Mercadante (ex-Ciência e Tecnologia,
hoje da Educação) destacou, na ocasião, que havia no mundo apenas quatro
fábricas do modelo que a Foxconn traria ao país, todas na Ásia.
A questão tecnológica foi objeto de polêmica desde o
início do negócio. O empresário Terry Gou avisou que estava disposto a entrar
no projeto apenas com sua tecnologia, sem aplicar capital novo, questão ainda
não fechada.
Nas últimas conversas, o governo defendeu que a Foxconn
entrasse com sua tecnologia mais avançada na fabricação de telas, que permite
produzir unidades de diversos tamanhos. Os planos da empresa, no entanto, são
usar a tecnologia anterior, que não permite upgrade.
Assessores presidenciais disseram à Folha que estão
trabalhando para "viabilizar o negócio", considerado estratégico pelo
país. O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), que
voltou ontem da China, iria buscar uma solução para o impasse.
A crise global também contribui para o atraso no
fechamento do projeto da fábrica da Foxconn no Brasil. Com a queda na demanda
mundial, Gou não tem pressa, porque suas unidades na Ásia têm condições de
atender os pedidos atuais do setor.
No fim do ano passado, o BNDES confirmou que seria sócio
na primeira etapa do negócio, de US$ 4 bilhões no total. O banco deve entrar
com 30%, US$ 1,2 bilhão.
Em outubro de 2011, o empresário Eike Batista informou a
Dilma que também participaria do empreendimento, com US$ 500 milhões.
Em fevereiro, Eike divulgou que a nova fábrica deve ser
instalada na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). A empresa já tem uma
unidade em Jundiaí (SP), onde monta produtos.
Sucesso a todos,
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