Bom dia gestores,
A cabotagem que poderia ser uma solução mais barata para
o transporte de mercadorias, na região norte do País, tem enfrentado sérios
problemas com a praticagem há mais de dois anos. O serviço, que consiste em um
auxílio ao comandante do navio em trechos de difícil navegabilidade, é
obrigatório e executado por profissionais concursados. No entanto, na região
amazônica, este tipo de trabalho enfrenta problemas com a falta de mão-de-obra
para a sua realização.
Na Bacia do Amazonas, a partir de Macapá até Manaus, a
uma distância de 870 milhas náuticas, a contratação compulsória do serviço de
pratico é fundamental devido ao alto grau de complexidade da navegação na
região. Com a falta de profissionais habilitados, os navios têm sofrido
atrasos, que se acentuaram a partir de janeiro deste ano.
Um dos exemplos do prejuízo, com a falta do serviço,
aconteceu com o navio Aliança Manaus, pertencente à empresa Aliança Navegação,
que, entre os dias 29 de abril e 7 de maio, sofreu um atraso de 85 horas na
região. Porém, este caso não foi isolado, os atrasos vêm se repetindo
semanalmente.
Em outra situação, a embarcação Aliança Santos chegou em
Macapá no dia 07 de julho, com destino a Manaus, e por falta de prático
(profissionais que realizam a praticagem) foi obrigado a aguardar fundeado por
quatro dias, o mesmo tempo que levaria para fazer o percurso entre as duas
cidades.
Esse mesmo navio, após a estadia de três dias para
realizar as operações necessárias em Manaus, solicitou um prático para a viagem
de retorno (descendo o rio Amazonas), e foi informado que não havia
profissional disponível, tendo que aguardar mais três dias. Portanto, a viagem
de ida e volta que deveria durar quatro dias demorou dez.
“Os atrasos em navios não prejudicam apenas as empresas
de cabotagem, mas comprometem o abastecimento do comércio de Manaus (alimentos
– incluindo cargas perecíveis, matérias de construção, equipamentos, entre
outros) e todo o funcionamento do Distrito Industrial de Manaus, que recebeu
insumos e matérias-primas para as empresas da região da ordem de US$ 20 bilhões
no ano de 2011, além de enviar para o restante do Brasil produtos acabados,
como eletroeletrônicos”, explica Claudio Fontenelle, gerente de cabotagem da
Aliança.
No acumulado de 2012, somente os navios da Aliança registraram
542 horas de atraso em razão de problemas nos serviços prestados pela
praticagem na região. “Estes fatos somente contribuem para que a confiabilidade
do serviço de cabotagem seja questionada e o Custo Brasil acabe por ser
aumentado em função da ‘fuga’ para o transporte rodoviário com custos e
poluição ambiental superiores, o que fere diretamente as diretrizes e anseios
do Governo”, informa Fontenelle.
Com os atrasos na região, muitas embarcações perdem
janelas de atracação nos portos posteriores, ao longo da costa, onde os navios
possuem horários determinados para chegada para ter disponibilidade de cais
para atracação.
Ao perder esse espaço, o navio pode ter que esperar dias
na fila para atracar e até mesmo ter que cancelar a escala. Como consequência,
atrasos causados pela Praticagem do Rio Amazonas (ZP-1) resultam,
frequentemente, em cancelamentos de escalas nos portos seguintes,
principalmente, no Nordeste, estendendo os efeitos da ineficiência na escalação
de práticos na Amazônia a outros complexos portuários brasileiros.
Sucesso a todos,
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