Bom dia gestores,
O Banco Central localizou irregularidades no registro de
milhares de pequenos empréstimos com desconto em folha de servidores e de
aposentados do INSS feitos pelo Cruzeiro do Sul.
Somados, explicam um rombo que pode passar do R$ 1,3
bilhão já contabilizado.
Diferentemente do PanAmericano, que vendia os empréstimos
a outros bancos, os do Cruzeiro do Sul estão dentro da própria instituição, em
fundos de investimento que, na prática, beneficiam-se do ganho dos empréstimos,
chamados FIDCs.
Se há inadimplência nos empréstimos, o fundo perde. Se eles
são falsos, o fundo tem ganhos fictícios.
A identificação, que ocorreu entre março e abril, só foi
possível porque o BC agora inspeciona empréstimos com valores a partir de R$
1.000 -medida tomada após o escândalo do PanAmericano.
Até então, só empréstimos acima de R$ 5.000 eram
verificados individualmente.
Há suspeita de que grande parte desses empréstimos seja
antiga, concedidos após as dificuldades de captação enfrentadas pelo Cruzeiro
do Sul e por demais bancos pequenos desde o fim de 2008.
As irregularidades apontadas vão desde ausência de
contratos e documentação deficiente até falhas no pagamento de prestações não
contabilizadas. Essas deficiências levaram o BC a suspeitar de operações
fictícias.
O BC também questiona se o Cruzeiro do Sul contabilizou
corretamente as possíveis perdas para cobrir inadimplência (provisionamento).
No inquérito do BC, são apuradas as responsabilidades dos
gestores do banco, do conselho fiscal, dos auditores internos e dos auditores
independentes que, em tese, deveriam ter pegado eventuais empréstimos
fictícios.
Se forem responsabilizados, os profissionais podem ser
inabilitados para trabalhar no sistema financeiro.
Em 2009, fiscais da CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
já haviam localizado supostas irregularidades com os fundos de crédito do
Cruzeiro do Sul. Os técnicos identificaram manobras para "inflar" os
resultados do banco.
Em 2008, o banco cedeu créditos a preços abaixo dos de
mercado a um desses fundos, lucrando R$ 178,9 mil.
Ainda segundo a CVM, isso permitiu distribuir R$ 90,4 mil
aos acionistas, sendo R$ 63,5 mil em dividendos e R$ 26,8 mil em juros.
Caso as cessões desses fundos tivessem sido realizadas
corretamente, haveria prejuízo de R$ 116,4 mil em 2008.
Sucesso a todos,
Comentários