Tudo por um governo sem projetos.

Boa tarde gestores,


Grave estiagem no semiárido brasileiro evidencia ausência de programa de longo prazo para a região, ainda muito vulnerável às intempéries, e ainda é possível que regiões do Nordeste padeçam neste ano a pior estiagem em três décadas.

A escassez de chuvas, em particular na Bahia, no Rio Grande do Norte e no Piauí, já arruinou propriedades rurais familiares, o grosso da ocupação no semiárido.

Desde 1998, ao menos, não havia devastação semelhante. Nos anos 2000, houve melhoria das condições de vida, relativamente mais rápida no Nordeste, graças a programas sociais.

A seca já distante dos anos 1990 e o progresso da região tinham relegado a certo esquecimento a cena clássica da estiagem nordestina: animais mortos, rios secos, lavouras esturricadas, meras poças de água insalubre para beber.

Embora não se registrem mais os grandes êxodos e a fome disseminada, o semiárido é ainda o repositório de pobres brasileiros. Sua economia é por demais sujeita a variações climáticas e à rotina inepta de uma burocracia inoperante e já secular, como o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas).

A presidente Dilma Rousseff anunciou um pacote de medidas com o fim de atenuar a calamidade deste ano, programa que pode consumir até R$ 2,7 bilhões.

De efeito mais imediato, haverá R$ 200 milhões para o dito Bolsa Estiagem, cinco parcelas mensais de R$ 80 oferecidas a cerca de 500 mil pequenos agricultores do semiárido que se inscreverem no mesmo cadastro único que serve para gerenciar outros benefícios sociais. Até R$ 164 milhões serão gastos na distribuição de água por meio de carros-pipa, e outros R$ 60 milhões irão para furar poços.

Tais recursos quase equivalem aos R$ 312 milhões desviados do Dnocs no período 2008-2010, segundo relatório de 2011 elaborado pela Controladoria-Geral da União, com apoio da Polícia Federal. As 250 páginas de conteúdo revoltante indicam os superfaturamentos e desvios de sempre.

Desde o final de 2011, a presidente tem procurado fazer uma "faxina" no Dnocs, dirigido por apadrinhados do PMDB. Mas talvez fosse o caso de dar cabo dessa instituição de fracasso centenário.

O insucesso crônico das políticas para o semiárido fica evidente a cada grande seca: sob calamidade natural, seus habitantes não sobrevivem sem ajuda.

O semiárido brasileiro é um dos mais povoados do mundo. Mas é também uma das regiões agrícolas extensas menos irrigadas. Sua agricultura de produtos alimentares é pouco produtiva.

Afora a interminável e controversa transposição do rio São Francisco, não há projeto abrangente com o fim de dar vida econômica própria à região. O pacote de Dilma Rousseff, emergencial e sensato, ainda antecipa o programa Água para Todos. Mas, no médio prazo, é muito pouco para enfrentar problema tão grave e recorrente.

Quando tinha 20 anos viajei para o interior do nordeste, longe das praias e vi como é difícil a vida do nordestino, sei que nada mudou e essa vida ainda é muito dura, cheia de desafios diários passa de pai para filho, sem nenhuma política pública para suavizar a dureza do batente.

Não quero estragar minha segunda feira mas enquanto houver notícias de  milhões de reais desviados, uma infinidade de políticos envolvidos em esquemas mirabolantes, que deveriam defender os interesses da população que os elegeu, e ninguém é culpado pela "justiça", só resta ao nordestino rezar para o Nossa Senhora ou o Padre Cícero trazer a chuva para o sertão. 

Sucesso a todos,

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