Boa tarde gestores,
A prefeitura continua priorizando o transporte individual
(70% dos automóveis andam só com o motorista e a ocupação média é de 1,4
pessoas) em vez do transporte coletivo e do transporte de carga, que é
fundamental para abastecer a região metropolitana de São Paulo. Isso logicamente
“asfixia” a cidade.
Algumas questões urgentes, para uma cidade habitável:
1) Grandes receptores de produtos têm estrutura,
segurança e locais adequados para receber cargas de noite. No entanto, a
maioria dos estabelecimentos de varejo não opera no período noturno (e muito
menos de madrugada), pois em geral são os próprios proprietários que abrem e
fecham o prédio, são bares, padarias, mercearias, mercadinhos, restaurantes,
papelarias ou lojas de material de construção.
Os caminhões não estão de passagem: 70% têm como origem
ou destino a região metropolitana.
2) A política de restringir caminhões vai criar outros
problemas.
Um deles será a troca de parte dos caminhões por VUCs
(veículos urbanos de carga) e vans, com efeito multiplicador no trânsito, na
poluição, nos acidentes e nos fretes.
Além disso, teremos maior concentração de caminhões nos
horários permitidos e uso de rotas de fuga por ruas alternativas e sem
condições, aqui na zona norte dentro dos horários de restrição.
Em poucos meses, passarão a ocupar a marginal nos
horários de pico: automóveis que utilizavam outras rotas, automóveis que utilizavam
horários alternativos, automóveis de pessoas que estavam no abarrotado
transporte público.
Os benefícios da ampliação da marginal Tietê, que custou
quase R$ 2 bilhões, passando de sete para dez faixas de cada lado, não duraram
um ano. Nos períodos de pico, os pontos de retenção voltaram. E agora?
Os carros rapidamente congestionam todas as novas
ampliações viárias, túneis, pontes. É jogar dinheiro público, nosso dinheiro,
no lixo.
3) Para implantar uma faixa exclusiva para ônibus,
precisamos pedir autorização para toda a sociedade, mas liberar as 20 faixas da
marginal Tietê, nos dois sentidos, aos automóveis é normal e ninguém precisa
autorizar, as restrições a caminhões não visam a implantação de faixas de
ônibus, mas abrir espaço para os carros.
Nos carros, serão transportados, no máximo, 21 mil
pessoas por hora em cada sentido da marginal. Uma única faixa de ônibus
expresso, com ultrapassagem, pode transportar essa mesma quantidade de pessoas.
Ou seja, o transporte individual ocupa dez vezes mais espaço, nas mesmas
condições de conforto.
Nas condições atuais, estamos incentivando os usuários a
desistirem do transporte público. Não são os ônibus ou caminhões que causam o
caos na cidade de São Paulo.
4) Continuamos no caminho errado: com os R$ 6,5 bilhões
do futuro trecho norte do Rodoanel, que atenderão 65 mil veículos por dia,
seria possível construir uma linha de trem com 58 km ligando Barueri (e
Alphaville) a Guarulhos (aeroporto), passando por São Paulo e transportando
mais de um 1 milhão de pessoas.
Isso permitiria que os caminhões continuassem na
marginal.
Nenhum modo de transporte ou rota pode ser uma imposição.
Devemos obrigar todos os motoristas que trafegam pela Av. Rebouças e na
Consolação a usarem a linha amarela do Metrô? É claro que não.
Em logística de transporte de passageiros, o cliente deve
ser atraído e não empurrado. Se não priorizarmos o transporte coletivo, o
transporte individual irá tomar todo o espaço que dermos, e não será
suficiente.
Sucesso a todos,
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