Tempo nublado em Brasilia

Boa tarde gestores,

Fazendo uma análise do resultado de janeiro e as declarações de Dona Dilma e seus ministros indica que o governo pretende resolver os problemas da indústria com transferências de renda, ou seja vai tomar providências que no fim das contas transferem renda do consumidor e de impostos para setores industriais, que vivem chorando de barriga cheia.


Ontem em sala de aula comentamos esse resultado, 3° Adm Jaçanâ, e se o câmbio está ruim para o produtor nacional, o real está forte, produtos brasileiros ficam caros, então os ministros avisam que tem um "arsenal infinito" para desvalorizar o real.

Olha o problema, digamos que tenham o tal arsenal, e não seja um blefe, o real desvalorizado encarece os produtos aqui no Brasil, para o consumidor final, começando por barrar a competição externa.

Além do câmbio ruim, falta mercado lá fora,. A economia anda devagar, então os preços estão baixos, há o subfaturamento de exportações de empresas de outros países que querem escoar sua produção.

Então os gênios do governo prometem então mais medidas de proteção contra importados, o que encarece os produtos aqui dentro, ou reduz os impostos para este ou aquele setor da indústria.

Se funcionarem, tais providências tendem a melhorar a rentabilidade de alguns setores da indústria, ao custo de alguma inflação e gastos extras.

Em certas condições, manter uma indústria grande e diversificada pode ser de interesse geral. Tentar fazê-lo apenas por meio de medidas pontuais e de curto prazo custa caro e não resolve nosso problema.

Eu acho mesmo é que talvez a preocupação mais imediata do governo nem seja a de criar condições para a indústria sobreviver, ser mais produtiva ou "competitiva". Mas somente melhorar o PIB, ou outro índice qualquer.

Com a economia mundial descendo a ladeira, que faz com que a taxa de câmbio fique ruim para parte relevante da indústria brasileira. Além do mais, não se resolvem do dia para a noite problemas como infraestrutura cara, energia cara, transporte caro e ruim, burocracia e impostos excessivos (e mal administrados) ou escassez e de mão de obra.

Porém, ainda que seja aceitável o argumento da emergência e da excepcionalidade destes tempos na economia mundial, não existe urgência no tratamento dos problemas "estruturais".

Para finalizar, que já estou com náusea, o governo não vai investir mais, reduzir impostos e reduzir sua dívida de modo relevante se a maior parte do aumento da receita federal for gasta em transferências sociais de renda e despesas correntes, como acontece faz tanto tempo, talvez décadas.


O governo não vai aumentar o investimento em infraestrutura na rapidez necessária, pois tem dinheiro, mas não tem, ministros técnicos, competência e, sabemos que é naturalmente, muito mais lerdo, dados os obstáculos da administração e do direito públicos. Precisa privatizar, o que não tem condições de administrar e transferir a atuação do Estado para outros lugares (ciência, inovação e tecnologia). Precisa "sair da frente dos outros", eliminando e desfazendo a burocracia.

Sem planejamento estratégico, mudanças na política ou na forma de como são feitas as alianças, sem as reformas, liberais e desenvolvimentistas, ficaremos atolados nessa discussão de "meio ponto" (de PIB, de juros, disso, daquilo), em discussões dramáticas de medidazinhas pontuais, .

Sucesso a todos,

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