Boa tarde gestores,
O transporte de cargas
por ferrovias no Brasil vive um momento de retomada, de renascimento.
Como a malha ferroviária possui apenas cerca de 29 mil km de
extensão e a maior parte das suas linhas está distante de centros
urbanos, muita gente desconhece sua existência. Há até quem
imagine que no País só existam trens de passageiros. Mas, mesmo com
poucos trilhos cortando o Brasil, o transporte não só existe, como
já é responsável pela movimentação de 25% de toda a carga
transportada no Brasil.
A projeção do governo
é aumentar esta participação para 32% até 2020, graças aos
investimentos previstos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC)
para a ampliação da malha ferroviária. Mas, a grande verdade é
que o desempenho das ferrovias é fruto de muito trabalho e
investimentos. Desde que assumiram o controle das ferrovias, em 1997,
as concessionárias já investiram mais de R$ 24 bilhões na
recuperação da malha, na adoção de novas tecnologias, na redução
dos níveis de acidentes, em capacitação profissional e na
aquisição e reforma de locomotivas e vagões.
Os números do setor
nestes 14 anos de concessão deixam evidente que a gestão conduzida
pela iniciativa privada tem sido um sucesso. Basta analisar os
resultados. A movimentação de cargas aumentou 86%, passando de
253,3 milhões de toneladas para 471,1 milhões de toneladas por ano.
Crescimento alavancado pelo transporte de produtos siderúrgicos e de
commodities agrícolas como soja, milho e arroz. Hoje as ferrovias
também têm sido muito procuradas para a movimentação de açúcar,
de combustíveis, de produtos petroquímicos e de materiais da
construção civil.
Além disso, a produção
das ferrovias cresceu 104,1%, de 1997 a 2010, aumentando de 110,2
para 280,1 bilhões de TKU (tonelada por quilômetro útil). Neste
mesmo período, o aumento do PIB brasileiro foi de 47,8%, o que
demonstra que a produção do modal ferroviário foi superior em mais
de 100%. A União também tem sido beneficiada com os resultados
positivos. Desde que a iniciativa privada assumiu a prestação de
serviços de transporte ferroviário, a União já arrecadou aos
cofres públicos mais de R$ 5 bilhões somente com o pagamento das
parcelas de concessão e arrendamento da malha. Se forem somados os
valores pagos em impostos municipais, estaduais e federais, além da
Cide, o montante arrecadado pela União chega a R$ 13,8 bilhões.
A malha ferroviária em
operação no Brasil para o transporte de cargas totaliza 28.476 km,
divididos em 12 concessões, que estão sob a responsabilidade de 10
concessionárias, sendo 9 delas privadas: ALL – América Latina
logística Malha Norte; ALL – América Latina Logística Malha
Oeste; ALL – América Latina Logística Malha Paulista; ALL –
América Latina Logística Malha Sul; Ferrovia Centro-Atlântica;
Ferrovia Tereza Cristina; MRS Logística; Transnordestina Logística;
e Vale.
Além dos ganhos
financeiros, a natureza também lucra com o uso das ferrovias para o
transporte de cargas. Para se ter uma ideia, um trem de carga com 100
vagões tira das estradas cerca de 357 caminhões. O que significa
menos poluição e menos acidentes.
Apesar de todas as
vantagens e benefícios, o setor ferroviário enfrenta alguns
entraves que dificultam suas operações e, consequentemente, seu
desempenho: a existência de moradias irregulares no caminho das
ferrovias; 12.500 pontos de cruzamento entre trens, veículos ou
pedestres – chamados de passagens em nível; e o adensamento
populacional próximo das ferrovias, que requer a construção de
contornos ferroviários. Esses “obstáculos” obrigam os trens a
circularem com velocidades muito baixas, variando entre 28 km/h e 5
km/h.
Há ainda outros
problemas sérios que afetam o crescimento do transporte de cargas,
como o sistema tributário; a dificuldade de acesso e operação nos
portos brasileiros, que acaba gerando atrasos nos carregamentos dos
navios e consequente pagamento de multas (demurrage); além da falta
de integração entre os modais.
Sucesso a todos,
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