O caso PanAmericano e a responsabilidade do administrador.

Está difícil de entender o que aconteceu com o banco PanAmericano, como aconteceu o rombo de $2,5 Bi, o governo diz que é essa mais ou menos a conta final, mas não explica se já foram descobertas todas as incoerências contábeis, sua dimensão exata e como funcionava o esquema fraudulento.

Estão examinando outros bancos ativos no mercado de cessão de crédito e até agora não acharam nada, por enquanto temos poucas informações, o problema maior são os registros das operações de cessão de carteira de crédito, registros insuficientes para medir o tamanho do rombo do banco.

Contabilmente falando, esses registros explicariam os haveres e os fluxos de recebimento fictícios do banco, mas não diz por onde vazava o dinheiro, no balanço contábil como reza a lenda, o que entra por uma porta tem que sair pela outra.

Cessão de carteira de crédito, significa que o banco vendia os empréstimos feitos. Quando um banco empresta dinheiro, na verdade está comprando uma série de pagamentos futuros, o valor da "compra" é o do empréstimo concedido, a "mercadoria" comprada são as prestações do empréstimo que o banco vai receber com juros.

O banco pode vender esses direitos de recebimento a outros bancos afim de disponibilizar novos empréstimos, abrindo espaço para novas operações em seu balanço.

Ao fazer essas venda antecipa parte da receita daqueles fluxos de pagamento e o valor dos empréstimos passa a cair na conta de outro banco, um rolo danado!!!

Foram notados vários problemas no registro de operações do banco em questão:

1) Teria vendido como exemplo 100 empréstimos e registrado apenas 80.

2) Não teria registrado que vendeu alguns créditos.

3) O banco repassava o dinheiro das prestações vendidas ao banco comprador e colocava em seus registros que continuava a recebe-las.

4) Teria vendido o crédito mais de uma vez.

5) Teria vendido créditos que já haviam sido liquidados pelos tomadores.

Essa operação de aumentar os ganhos apenas faz sentido se servir para melhorar resultados, tapar vazamentos, distribuir lucros inexistentes, esconder grande inadimplência ou desvios em outros negócios.

No momento tudo é especulação mas é difícil crer em erros formais dos auditores internos, auditores externos experientes, contadores e administradores do banco, que resultaram nesse rombo.

O temor é o de haver uma onda de inadimplência escondida atrás dessas operações fajutas de cessão de crédito.

O administrador é responsável pela ação, omissão e cumprimento da legislação em vigor na companhia em que trabalha, temos leis antitrust, trabalhistas, leis do mercado de capitais, penais e tantas outras.

A consequência pela prática de atos com culpa ou dolo, pode acarretar a responsabilidade civil pessoal do administrador, sendo que seu patrimônio responderá pela reparação do ato irregular que praticar, daquele ato que violar a lei e causar prejuízos a sociedade ou a terceiros.

Confúncio um sábio chinês, disse uma vez " O certo é o fácil ", grande ensinamento em tão poucas palavras.

Agir corretamente certamente o transformará em um bom administrador e nada melhor que possuir princípios sólidos, honestidade, integridade, senso crítico e principalmente ética nos negócios, infelizmente, muitos são aqueles que deixam de lado os valores mais básicos e apelam para o vale-tudo na hora de atingir objetivos, precisam vencer a qualquer custo, querem levar vantagem sobre tudo e todos, subornar autoridades para obter facilidades, beneficiar uma pessoa em prejuízo de outra, usar meios ilícitos para obter resultados, enfim atitudes que de uma maneira ou de outra, prejudicarão alguém.

Bom final de semana