Artigo - Empreendedorismo de alto impacto

O mundo precisa gerar centenas de milhões de empregos, uma demanda que não pode ser atendida sem o empreendedor de alto impacto.
Gente que começa numa garagem e em dez anos constrói um bicho do tamanho da Apple.
Esse espírito fundou nações e sustenta o desenvolvimento, dois amigos italianos saíram de uma pequena cidade na Itália, um deles veio para o Brasil e fundou o império Matarazzo, o outro foi para os EUA e fundou o Bank of America.
A cidade de Alepo, na Síria nos deu Safras e os Slim. Esses homens não tiveram vantagens, passaram o diabo e essa cidade não tem pó de pirlimpimpim.
O que os difere é a visão, capacidade de trabalho, capacidade de relacionamento e uma chama interior chamada entusiasmo.
O sr. Waldemar Verdi tem mais de 90 anos e foi eleito o empreendedor do ano em 2009, como ele trabalha no mesmo prédio que eu, encontro-o todos os dias na hora do almoço. É um homem rico, tem um filho muito competente, não precisaria trabalhar, mas está lá todos os dias.
Levei meu filho para vê-lo receber o prêmio, foi emocionante.
Admiro demais esses homens a quem o dinheiro não amoleceu. Porque são mais que empresários, são empreendedores.
Quem lidera esse movimento de empreendedorismo no mundo é a Endeavor, ela analisa em cada país que opera projetos de empreendedores, seleciona-os com rigor e depois ajuda os escolhidos a ter acesso a investidores, a networking, à orientação de megaempreendedores de cada país, o resultado é fantástico.
Hoje as empresas que nasceram com a Endeavor geram U$$ 5,4 bilhões por ano. Em muitos países, os empreendedores da Endeavor já são 1% do PIB. Em 2025 vão gerar U$$ 85 bilhões por ano no mundo e milhares de empregos.
È por isso que Thomas Friedman, colunista do Times, diz que a Endeavor é o melhor programa antipobreza que existe. Porque o empreendedor já é uma organização não governamental. Não consigo ver maior ação social do que gerar empregos, dar futuro a milhões, empreendedorismo é a nova filantropia.
Seria melhor se os bilionários americanos emprestassem empreendedores pelo mundo em vez de doarem dinheiro.
É evidente que não se pode menosprezar a generosidade desses homens. Ela é digna de nosso respeito, mas se eles colocassem U$$ bilhão na Endeavor , poderiam ter impacto social maior.
Não faço parte da Endeavor, mas trabalho para ela na área de comunicação global, voluntariamente.
Dar tempo é mais complicado do que dar dinheiro, e dou meu tempo com entusiasmo.
Existe um ditado que diz "Um homem sensato se adapta ao mundo, convive com a realidade, e o homem insensato se rebela contra os fatos"
É por isso que o avanço da humanidade se deve aos homens insensatos, o sujeito que sentindo frio, inventou o fogo, o sujeito que sentindo só, inventou o tambor, ao sujeito que para colocar ordem na construção da linha de trem inventou a administração.
Esse homem insensato é o empreendedor, e é desse espírito que, em tempos descrença e de crise, o mundo mais precisa.
O empreendedorismo de um sujeito que venceu na vida trabalhando duro de manhã, à tarde e à noite, porque teve visão, inovação e dedicação.
Criou tudo isso para gerar riqueza e desenvolvimento, não para ter um palácio, não precisa viver com culpa como um monge, e também não precisa ofender o mundo com ostentação.
Ele tem uma luz, uma inspiração e um exemplo.
E, depois de trabalhar muito, sabe o que um empreendedor faz? Ele acorda, vai trabalhar cedo, mas para enriquecer os outros e outros e outros, para treinar novas gerações dentro de sua empresa, para incentivar o empreendedorismo na sociedade, para usar seu talento executivo em áreas que tanto precisam, como culturais e sociais. Nesse momento o empreendedor é mais empreendedor ainda, pois é um empreendedor social.
Convido o leitor a conhecer e apoiar o trabalho da Endeavor (www.endeavor.org.br).
E a espalhar a consciência de que a reengenharia de um mundo novo está nas mãos calejadas e incansáveis dos empreendedores.

Nizan Guanaes, publicitário e presidente do Grupo ABC.
Texto publicado no jornal - Folha de São Paulo.
Terça-feira 19 de outubro de 2010 - Mercado - Pag. B10

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